Case da Renova: Como agregar valor e tornar sexy um produto “banal” como o papel higiênico?
Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, diz que é difícil encontrar um novo ícone como o papel higiênico preto.
Depois das intervenções do CEO da TAP e do co-fundador e chairman da Critical Software, no primeiro debate do dia dedicado ao tema “O segredo do que vendemos lá fora, tendências de consumo, produtos e serviços de excelência e as novas geografias”, foi a vez de Paulo Pereira da Silva, o CEO da Renova, explicar como é que uma empresa tradicional numa área tradicional conseguiu inovar e tornar sexy internacionalmente um produto “banal” como o papel higiênico.
Para isso, garante Paulo Pereira da Silva, a chave foi manter sempre um “espírito empreendedor” dentro da empresa. “Para nós é importante manter um espírito de startup”, disse o CEO, contando que a Renova foi alvo de um case study da escola de negócios INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), depois apresentado aos alunos do MBA da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
“Ali estava eu, em São Francisco, a olhar para a minha vida e a minha empresa em Portugal”, disse Paulo Pereira da Silva, acrescentando, que “a Renova é só um risquinho. Somos muito pequeninos”.
Ainda assim, contou, a professora de Standford deu aos alunos a Renova e não a Microsoft como exemplo de uma startup de sucesso. “Em qualquer país onde entramos somos uma startup. E queremos manter esse espírito na empresa, manter a juventude e a capacidade de renovar, criar novos produtos e inovar”, referiu o CEO, lembrando a aposta em pessoas e talentos na organização.
Importante, lembrou, é também a capacidade de ir buscar inspiração e exemplos a outras empresas e a interseção com áreas diferentes. “Olhar para outras empresas e mercados e trazer para o meu negócio”, recomendou o responsável, terminando com a dica mais importante: “Ser obsessivo”.
“É difícil encontrar um novo ícone como o papel higiênico preto”
Paulo Pereira da Silva, diz que é difícil encontrar um novo ícone como o papel higiênico preto. “Foi muito importante para a Renova num dado momento. Foi a reinvenção do papel higiênico, até aí era um não produto, não havia qualquer relação afetiva por parte dos consumidores. Agora todos têm opinião, é um objeto de decoração, é um outro produto, de luxo. É icônico e difícil de repetir”, disse o responsável.
Na sua visão, os clientes estão a mudar a uma velocidade brutal e o e-commerce pode ser importante para um produto como o papel higiênico. A mais recente tentativa de inovação passa pela personalização de papel higiênico – o “Made by U” -, que a Renova envia para todo o mundo. “Assim temos a capacidade de chegar junto dos cidadãos muito rápido”, referiu.
Outra inovação, com poucos meses, passa por embalar os rolos de papel higiênico em papel reciclado e não plástico. “Uma marca tem de ter uma cultura forte e coerência”, sobretudo ao nível ambiental e da economia circular.
Fonte: Dinheiro Vivo