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Aguardando decisão, Eldorado avança em projetos

Exemplo disso é a recente vitória da companhia no leilão de terminais de celulose no Porto de Santos (SP)

A arbitragem deve definir, em breve, o futuro da Eldorado Brasil. A expectativa é de que o tribunal arbitral dê um veredicto neste mês e a decisão, que definirá o destino do controle da fabricante de celulose, seja publicamente conhecida no mês de outubro.

No entanto, apesar de J&F Investimentos e Paper Excellence (PE) continuarem se enfrentando dentro e fora dos tribunais, a empresa tem conseguido operar com certa normalidade e até progredir em alguns projetos.

Exemplo disso é a recente vitória da companhia no leilão de terminais de celulose no Porto de Santos (SP), que irá colaborar para o escoamento da produção atual da fábrica de Três Lagoas (MS) e se tornará ainda mais relevante quando o projeto de expansão da unidade, um investimento de mais de R$ 10 bilhões, se concretizar. A Eldorado foi a vencedora da disputa pelos dois lotes oferecidos no certame, mas pelas regras, teve de escolher apenas um e levou, por R$ 250 milhões de outorga, o arrendamento por 25 anos do terminal STS 14.

O êxito no leilão não transparece as dificuldades enfrentadas pela companhia até que as sócias chegassem a um acordo sobre sua participação. Assim como outros temas relevantes, a presença da Eldorado no certame precisou passar pelo órgão de coordenação instituído por determinação da arbitragem a fim de evitar que interesses de um dos acionistas se sobrepusessem aos da empresa.

Antes disso, advogados da empresa de celulose e da PE tiveram de negociar um acordo para participação no leilão, já que não houve entendimento inicial. Em nota a respeito o assunto, a CA Investment, empresa constituída pela PE para compra da Eldorado, afirmou que notificou a empresa sobre o interesse no leilão. “A CA está confiante na aprovação da participação da Eldorado nos leilões Antaq, desde que os órgãos de governança competentes da companhia tenham tempo hábil para decidir de forma refletida e informada sobre a participação e as propostas a serem submetidas”, diz o documento. “A CA sempre concordou que a Eldorado deveria participar dos leilões Antaq e atuou para viabilizar esta participação”, completa.

Na Eldorado, internamente, o momento é de expectativa crescente à medida que se aproxima o fim da arbitragem. Nas últimas semanas, pelo menos dois eventos acabaram provocando mal-estar entre seus colaboradores. Além da notícia de que a Polícia Civil investiga o hackeamento do sistema de e-mails da J&F e uma possível ligação com a PE –  que nega qualquer envolvimento com o caso –, uma pesquisa de reputação, inicialmente com foco em membros da diretoria da empresa, criou grande desconforto. Houve, ainda, uma rodada posterior de perguntas relativas à imagem de executivos da CA e da própria Paper Excellence.

Segundo fontes da indústria de papel e celulose e de consultorias, a agência que realizou a pesquisa não revelou quem era seu cliente e procurava levantar impressões sobre alguns membros da diretoria da Eldorado – em especial, se havia alguma relação com a família Batista, que controla a Eldorado – e sua conduta.

Também foi feita sondagem com profissionais subordinados a esses diretores e com profissionais do mercado financeiro. De acordo com essas fontes, não é possível concluir quem teria contratado o levantamento. Mais de uma dezena de funcionários e ex-funcionários da Eldorado foi procurada e os relatos foram encaminhados à instância superior. Procuradas, Eldorado e as sócias J&F e PE não se pronunciaram sobre o assunto.

Do ponto de vista operacional, as receitas da Eldorado têm sido beneficiadas pelo câmbio desvalorizado, mas os preços da celulose de fibra curta persistem nas mínimas desse ciclo. Com vendas maiores do que a produção nos primeiros meses do ano, a empresa opera hoje com estoques mínimos, o que é considerado saudável. Em termos financeiros, o maior desafio é o vencimento de um bônus de US$ 350 milhões, em 2021. Em 2019, a Eldorado acabou suspendendo a emissão de outro bônus no mercado externo depois de questionamentos da PE.

Fonte
Valor Econômico
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