NotíciasReportagem especialTissue no Brasil

Indústria de tissue aposta em crescimento, inovação e sustentabilidade no Brasil 

Durante a Fastmarkets Forest Products Latin America Conference 2025, foi realizado um painel com a presença de Luís Bueno, Consumer Goods and Corporate Affairs Executive Vice President na Suzano, e Eduardo Aron, Diretor-Geral da Bracell Papéis 

O mercado brasileiro de tissue atravessa um momento de transformações estratégicas. Na última semana, durante a Fastmarkets Forest Products Latin America Conference 2025, foi realizado o painel “The future of tissue – Expanding capacity and global reach”, que contou com a presença de Luís Bueno, Consumer Goods and Corporate Affairs Executive Vice President na Suzano, e Eduardo Aron, Diretor-Geral da Bracell Papéis.  

Com moderação de Jorge Barbosa, repórter da Fastmarkets, o encontro revelou um setor que busca crescer com base em expansão planejada, diversificação de portfólio, avanços tecnológicos e compromisso ambiental. Com espaço para aumentar consumo e valor agregado, o Brasil desponta como um mercado promissor para quem aposta em inovação e sustentabilidade. 

INTEGRAÇÃO SOB MEDIDA: INDEPENDÊNCIA COMO ESTRATÉGIA 

Um dos pontos centrais do debate foi a verticalização da indústria de tissue, especialmente com o movimento de grandes produtores de celulose investindo em operações integradas. 

Para os executivos da Suzano e Bracell, embora o setor de papel e celulose já tenha avançado na integração produtiva, ambas as empresas destacaram que mantém negócios de celulose e tissue operando de forma totalmente separada. A meta é garantir competitividade e eficiência sem subsídios cruzados, seguindo o modelo adotado por diversos players globais. 

“Nós queremos que o nosso negócio prevaleça, tenha market share e que ele aumente a rentabilidade, mas sem ter qualquer tipo de benefício da celulose. São negócios completamente separados e apartados, como várias outras empresas do mundo”, enfatizou Bueno. 

O segmento de tissue ainda apresenta baixa verticalização quando comparado a outros tipos de papel, o que abre espaço para crescimento. 

NOVAS FÁBRICAS, NOVOS HORIZONTES 

Com a inauguração da nova fábrica da Suzano em Aracruz (ES) e a oficialização da planta da Bracell em Lençóis Paulista (SP), movimentos que ampliam drasticamente a capacidade nacional de produção, foi colocado em pauta o excesso de capacidade. 

“É verdade que hoje no Brasil tem um desbalanço entre a oferta e a demanda, uma capacidade instalada maior coloca uma pressão adicional no mercado. Porém, quando fazemos um investimento, não estamos olhando o próximo trimestre, mas miramos alguns anos para frente”, destacou o VP da Suzano. “Quando nós analisamos o mercado brasileiro, nós ainda temos um consumo per capita que é o mais baixo na América Latina. Então tem muito espaço para a categoria de tissue crescer aqui dentro do Brasil”, completou. 

Aron, por sua vez, reforçou que, para evitar saturação no mercado interno, projetos como o de Lençóis Paulista foram concebidos com foco global. O modelo permite direcionar a produção para diferentes mercados, fortalecendo a logística e garantindo presença internacional, mesmo diante de barreiras como as tarifas impostas pelos Estados Unidos. 

O projeto da Bracell em Lençóis Paulista com quatro máquinas de dupla largura já em operação e uma capacidade total de 240 mil toneladas anuais, enquanto a planta da Suzano em Aracruz tem uma capacidade de produção de 60 mil toneladas por ano, elevando a capacidade total de tissue da companhia para 340 mil toneladas anuais 

DIVERSIFICAÇÃO DE PORTFÓLIO E TENDÊNCIAS 

O consumo per capita de tissue no Brasil ainda é um dos mais baixos da América Latina e segue concentrado no papel higiênico, que responde por 90% do mercado. Esse cenário abre espaço para categorias como guardanapos, lenços faciais e papel toalha, capazes de agregar valor e diversificar a cesta do consumidor. 

Também foi discutida a estratégia de diversificação para o segmento de personal care, com destaque para a expansão da Bracell no mercado de fraldas. A empresa inaugurou uma nova fábrica no Nordeste, ampliando seu portfólio e gerando sinergias logísticas e comerciais com a operação de tissue. Segundo o diretor-geral, a companhia investiu em uma máquina de última geração, com tecnologia japonesa, para a produção de fraldas do tipo pants (fraldas fechadas), que será utilizada na unidade de Pernambuco. 

“Sem dúvida nenhuma, é um mercado que se complementa muito bem. Só temos a ganhar com a sinergia entre tissue e personal care”, concluiu Aron sobre o tema. 

O mercado brasileiro também registra migração da folha simples para versões dupla, tripla e quádrupla, impulsionando o chamado “ciclo virtuoso”, no qual inovação, qualidade e melhor rentabilidade se retroalimentam. A categoria permite ao consumidor adquirir produtos premium com baixo custo adicional, mantendo o crescimento sustentável dessa faixa. 

SUSTENTABILIDADE NA CADEIA COMPLETA 

A sustentabilidade segue como prioridade estratégica. O Brasil já é referência em manejo florestal e rastreabilidade, e as empresas destacaram seus compromissos no tema. 

Em sua fala, Luís Bueno ressaltou que a sustentabilidade é o core do negócio e a Suzano cumpre rigorosamente todos os critérios necessários, não somente pela legislação brasileira, mas também por legislações de selos internacionais e 100% da sua madeira é totalmente rastreável.  

Já Aron destacou que a Bracell busca ampliar a comunicação com o consumidor, levando em conta toda a cadeia produtiva: “Se queremos que o consumidor embarque numa jornada com a gente, temos que entender sobre o impacto da cadeia. E hoje, acho que a área de consumo está falando só do final, sem explicar o todo”. 

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