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Kimberly-Clark, de olho na corrupção

Motivadas pelas operações Lava Jato e Zelotes, empresas brasileiras e multinacionais, como a Kimberly-Clark aumentam as investigações internas a fim de evitar quaisquer tipos de crimes

K-C

Todas as sextas-feiras, pontualmente às 9h, os principais executivos da subsidiária brasileira da multinacional Kimberly Clark se encontram para uma reunião semanal. No fim do ano passado, um desses encontros foi interrompido pela equipe de compliance, disciplina que visa o cumprimento das normas legais e regulamentares da empresa. O objetivo era passar aos diretores, vice-presidentes e até mesmo ao CEO Sérgio Cruz um treinamento sobre práticas anticoncorrenciais. Durante uma hora e quarenta minutos, foram apresentadas desde técnicas de conduta numa eventual negociação, até casos mais graves, como alguém vendendo informações secretas de concorrentes.

Esse treinamento não fica restrito ao alto escalão. Os 4 mil funcionários da empresa também recebem orientações, de tempos em tempos, sobre como evitar desvios de conduta ou ilegalidades. Depois disso, ainda são obrigados a passar por provas escritas. Essa prática, adotada há quase uma década na filial da empresa americana, foi intensificada há dois anos em virtude das operações Lava Jato e Zelotes, da Polícia Federal, que arruinaram a reputação de uma série de empresas. “Nós entendemos que é impossível eliminar os riscos, mas precisamos minimizá-los”, afirma o Cruz.

A corrupção não é algo reservado somente ao setor público brasileiro. Segundo dados da consultoria PwC, 58% dos crimes econômicos envolvendo empresas são cometidos por funcionários, internamente. No mundo, o percentual é um pouco menor, cerca de 46%. Quando se analisa apenas países emergentes, o cenário é ainda mais desolador. De acordo com um levantamento da empresa americana FTI Consulting, 83% das multinacionais instaladas em mercados em desenvolvimento tiveram perdas causadas, principalmente, por subornos ou fraudes.

Diante de tal problema, as empresas partiram para o contra-ataque. Investigar e treinar viraram prioridades. Punição também. Nesses dois anos de trabalhos intensificados, a Kimberly Clark conseguiu reduzir a zero o número de denúncias de suborno em seu canal interno. Ao custo, claro, de alguns desligamentos e muito treinamento. Agora, segundo Cruz, as reclamações se concentram, especialmente, na prática do assédio moral, outro mal que a empresa pretende extinguir de sua matriz em São Paulo, além de suas fábricas e centros de distribuição.

“Temos uma premissa de que o resultado não é mais importante do que a maneira de como a pessoa teve para obtê-lo”, diz o CEO. De acordo com consultorias ouvidas pela revista Isto É dinheiro, além da demanda por auditorias e serviços de compliance estar crescendo acima dos dois dígitos nos últimos dois anos, as companhias estão mais relutantes em jogar a sujeira para debaixo do tapete.

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